Em série do Fantástico, menina trans de 11 anos diz que “até os 9 se sentia fantasiada de menino”

março 14, 2017

Em série do Fantástico, menina trans de 11 anos diz que “até os 9 se sentia fantasiada de menino”



A série “Quem Sou eu?”, que estreou na noite de domingo (12) no Fantástico, da TV Globo, trouxe o caso de Melissa Fazzio. Ela é uma criança trans, de 11 anos. Ou seja, foi designada menino ao nascer, mas se identifica com o gênero feminino e é uma menina.

Ela afirmou que até os 9 anos se sentia fantasiada de menininho. “Ela uma fantasia quente e pinicante”, declarou ela, que nunca gostou do nome masculino e que adora o apelido Mel. 

Em dado momento, a jornalista Renata Ceribelli questionou se ela usa maquiagem para reforçar que é uma menina. E ela demonstrou empoderamento: “Não, eu sempre me senti menina, independente da maquiagem”. 

Os pais Renato de Fazzio e Karina de Fazzio disseram que desde muito cedo perceberam que o filho que eles achavam que tinham na verdade era uma filha. “Ela usava as roupas da Karina, os sapatos. Eu cheguei a dar uma camisa minha, mas ela fazia de vestido. Não tinha jeito, e eu ficava incomodado”, admite o pai.

Até que no aniversário de 2017, Mel pediu que os pais a “transformassem em menina, pois esse seria o maior presente”. 


CONFLITOS E AJUDA

Karina afirma que nunca foi contra a filha, mas que o marido e a família em geral a criticava por deixar que a filha simplesmente fosse quem é. Renato diz: “Eu não tinha conhecimento, me aborrecia. Era difícil, tanto que chegou um momento em que a gente até se separou. Eu achava que quem propiciava tudo isso era a Karina”. 

Eles foram ao Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo, o primeiro centro público de atendimento para crianças transgêneros no Brasil. Lá, conheceram outros pais de filhos e filhas trans. E souberam que o pai ou a mãe não tem o poder de mudar o gênero, pois de acordo com o psiquiatra Alexandre Saadeh, do HC, a pessoa já nasce trans.

E também aprenderam a diferença de orientação sexual (que se refere ao sentimento desejo que a pessoa tem por outra, referente aos gays, lésbicas, bissexuais) e identidade de gênero (percepção que a pessoa tem de si mesma em relação às questões de gênero, no caso das travestis, mulheres transexuais, homens trans e outras transgeneridades).

MUITO MAIS FELIZ

Na escola, Melissa chegou a comentar com os colegas que é uma menina. Depois das últimas férias, a criança já voltou às aulas dentro do gênero que se identifica. E foi acolhida pela sala, que entendeu com tranquilidade as questões envolvendo gênero. 

“Antes eu era tímida, no meu canto. Agora eu sou mais solta, mais livre”. “Mais feliz”, complementou a professora. “Preferi viver uma vida feliz, que viver a vida toda infeliz”, concordou a garota. 

PRÓXIMOS PASSOS

A partir dos 12 anos, Melissa vai passar por um tratamento que vai atrasar a puberdade, o bloqueio hormononal. Desta forma, ela não vai desenvolver características secundárias atribuídas ao gênero masculino. 

E a partir dos 16, é que vai passar a tomar hormônios femininos e dar continuidade em sua transição. São as recomendações do Conselho Federal de Medicina. 



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