Carne Fraca derruba ministro da Justiça
junho 01, 2017Carne Fraca derruba ministro da Justiça
A JBS, maior processadora de carne do mundo, perdeu 16,3 bilhões de reais em valor de mercado desde que a Operação Carne Fraca foi deflagrada pela Polícia Federal, em 17 de março. Os cálculos são da consultoria Economatica.
Bem…
O Palácio do Planalto vinha tentando minimizar o grampo na Operação Carne Fraca: ela interceptou uma conversa entre o novo ex-ministro da Justiça, Osmar Serraglio (PMDB-PR) com o fiscal agropecuário Daniel Gonçalves Filho, superintendente do Ministério da Agricultura no Paraná entre 2007 e 2016. Ele foi acusado de chefe da organização criminosa que burlava a fiscalização em troca de propina.
Em 16 de março a Polícia Federal indiciou 63 alvos da Operação Carne Fraca, por crimes de corrupção, concussão, prevaricação, formação de organização criminosa e crime contra a saúde pública. Os alvos foram funcionários do Ministério da Agricultura em Curitiba, em Londrina e em Goiás, donos de frigoríficos e empresas de alimentos processados e executivos, entre eles nomes da JBS e da BRF.
No dia 18 de março passado o então ministro Serraglio confirmou que ligou para o superintendente agropecuário Daniel Gonçalves Filho, então chefão do Ministério da Agricultura no Paraná entre 2007 e 2016 –a quem Serraglio chamou, de resto, de “chefe” no áudio, preocupado com o fechamento de um frigorífico no Paraná, onde fica sua base eleitoral. De acordo com o inquérito da Polícia Federal, Serraglio, então deputado federal, ligou para Gonçalves Filho para perguntar sobre o possível fechamento do frigorífico Larissa, em Iporã (PR).
“Recebi um comunicado dizendo que iam fechar o frigorífico, aí liguei. A expressão que a imprensa está explorando é porque eu o chamei de chefe. Ele era o chefe. Era o Superintendente do Paraná da Agricultura. Liguei para saber o que estava acontecendo”, explicou Serraglio na época.
Michel Temer demitiu neste domingo Osmar Serraglio. Ato contínuo a é que Rocha Loures, seu “homem da mala”, flagrado carregando uma mala com R$ 500 mil em espécie recebidos como propina da JBS, perdeu o mandato, uma vez que era suplente de Serraglio. Especula-se que a mudança pode ser uma estratégia de Temer para tirar do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, o inquérito sobre a mala da propina.
Mas há algo a mais: Temer temia que os desdobramentos da Carne Fraca pegassem Serraglio.
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